quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tentativa

Se eu fosse capaz amaria e desamaria

Porque está na minha essência controlar

A mim, a ti, a todos, a tudo

É isso que me compõe

Sentimentos intensos propagam-se no meu vácuo interior

E estou tentando fingir a mentira

Fugir da verdade de minha sujeição - inutilmente

Se eu fosse capaz esqueceria e lembraria para voltar a esquecer

Atuação exímia, superficial, calculada

Se eu ainda fosse aquela inteligente

Se eu ainda pudesse ter o controle pelo racional

Eu seria capaz de querer e desquerer

Todavia, incompetente sou

Por me ver presa ao que sinto

Sem conseguir viver o meu eu


Por Carolina Prado e Jenifer Lima


Bravura cristalina

Entre as peças, um vidro em sua mais perfeita transparência
fragilizado por sua notável delicadeza
Sem mistérios, revelando tudo a qualquer um
Por sua graciosa leveza
Acreditava que seria protegido.
Por não fazer mal nem apresentar perigo
Esperava que todos fossem espelho
Para refletir justamente sua honestidade.
Apreciável ingenuidade!
As regras negam a possibilidade de passar a luz
Cada peça se ajusta formando suas leis
Criando oportunidades para aprender,
E para vencer, no jogo da vida
a dica é tentar!
Por Carolina Prado
-Tentei recriar a vida sentimental através da matéria, o insensível e inocente pelo físico. Ah, e só pra constar: que as honras do título sejam dadas à parceira Jenifer Lima -

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Nua e Crua

Carnaval.
Pessoas miseráveis em máscaras sorridentes.
Sorrisos.
Sempre forçados enquanto finjo interesse e até alegria.
Raiva.
Não é amor reprimido, é decepção.
Fantasias.
Nada mais do que intromissão.
Esperar que alguém desenvolva qualidades que você não tem.
Desejo.
Quando o querer combina com o não ter.
Não é fogo, é decadência.
Amor.
Não é belo, é mentir com veemência.

Por Jenifer Lima

- Simplesmente frio. Palavras simples em comparações complexas. Acho que daqui a algumas lidas vou acabar gostando. Foi um texto repentino, uma ideia que você simplesmente não segura e quando vê acaba dominado por ela. Acho que adorei escrevê-lo rs-

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Consanguíneos

Momentos felizes, cômicos, difíceis
Cômicos, difíceis, felizes
Um ciclo perfeitamente confuso e alternado
Ou apenas momentos passados
Passados com você
Pequenos ou grandes,
Memoráveis
Únicos que nos tornaram irmãos de verdade
E ao me lembrar deles te ouço cantando
E o chacoalhar de teus passos correndo
E tua voz falando
Posso perceber-te sorrindo,
O sorriso que me alegra
Que me faz sentir saudades de cada momento finito
Mas independe disso
Pois o sorriso sempre vem d'onde está o amor
Progenitor do seu coração
Órgão ligado ao meu
Por laços fraternos, eternos
Por sangue de irmãos

Por Carolina Prado e Jenifer Lima

- ok, aqui é a Jenifer!rs. Gente, me sinto mais do que feliz em declarar que de vez em quando alguns textos em conjunto roubarão a cena por aqui e esse foi escrito para aqueles que realmente fazem da nossa vida mais especial: nossos irmãos (no meu caso... irmãs). Mas enfim, espero que gostem -

domingo, 17 de outubro de 2010

Ciclo Inquebrável

Ei, morena, esse jeito de rir é tão contagiante
E esse jeito sem vergonha de morder os lábios quando envergonhada...
É tão injusto que consiga me culpar ou inocentar com apenas um olhar
Pareço estar num paraíso bagunçado pelo teu tornado
E você sabe disso
E você continua a brincar comigo
Ei, morena, não me deixe confuso
Não me lance à indiferença enquanto me provoca
Ei, minha doce morena, não me faça revelar-lhe meu amor antes de ouvir seu sonoro sim
Pois ainda estou preso a esse jeito de rir tão contagiante
E esse jeito sem vergonha de morder os lábios quando envergonhada...

Por Jenifer Lima

- ficou mais ou menos. A ideia original era de um cara apaixonado pela namorada do amigo, mas me perdi nas letras -

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Parabéns

Preciso dar um FELIZ ANIVERSÁRIO em letras grandes pra nossa blogueira Carolina Prado!

Fazendo 16 anos, embora poucos meses como escritora, essa garota que é super especial pra mim, diga-se de passagem, merece tudo de melhor que esse nosso mundo possa lhe oferecer.

Anos vêm e vão
Findam-se a cada estação
Envelhecer é feio
Amadurecer é bonito
Os dois juntos...
É divino

Hesitação

Flexível, reversível, frágil
Sensível a quase tudo e a quase todos
Possível, talvez passível, a irregularidade de suas atitudes
Seus pensamentos muitas vezes incompreensíveis
tornam incertas cada intenção
mas a sua reação é sempre inconfundível
Oscilando seu mínimo em seu máximo
sempre imprevisível

Por Carolina Prado

- Aula de espanhol: nada pra fazer. Fiquei tentando entender o porquê de não conseguir definir meus sentimentos. Surgiu como uma má sucedida tentativa de me compreender -

domingo, 26 de setembro de 2010

Desejo veraneio

Quero ter meu nome escrito na areia do teu mar

Quero sentir a brisa leve em contraste com o sol que é teu sorriso

Quero a vastidão da praia para harmonizar com meu sentimento

E então quero bronzear teu jeito em mim

Num amor passageiro de verão

Para quando chegar o outono eu querer ser o teu vento

E me reinventar a cada estação

Eternizando assim o que tu dizes ser temporário


Por Jenifer Lima

- um milagre aconteceu e eu realmente gostei desse texto. Fazer poemas sem rimas não é uma especialidade minha, mas aprendi muito com a Carolina Prado só de ler seus textos. Enfim, as metáforas tão ensolaradas surgiram numa noite fria, e isso me surpreende um pouco rs-

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Você

Foram poucos momentos
Com grandes lembranças
E pequenos gestos
Com muitos significados
Um sorriso que alegra
Tal como o olhar sincero
Deixam transparecer
Como uma janela aberta
Um coração virtuoso
Que me induz bater à porta
E ao entrar
Ver que tudo é diferente
Mas estranhamente
Me sentir em casa
E estando à vontade
Tenho a liberdade
De mostrar quem eu sou
Para conhecer de verdade
Aquele que se fez especial
Conquistando minha amizade
Apenas por ser VOCÊ

Por Carolina Prado

Apresentações...

Oi pessoas!

Estou aqui com extrema felicidade para dizer que teremos uma nova escritora aqui no Minha escrita, nossas letras! Isso tudo aqui vai parar de ser o cantinho egoísta da Jenifer Lima e agora vocês poderão ler e comentar os textos da Carolina Prado.
Talvez o nome do blog mude, mas isso vocês poderão acompanhar depois se acontecer.
Seja como for, espero que vocês gostem bastante. O blog será mais atualizado e, apesar de ser suspeita, posso dizer que são textos memoráveis.

Bem-vinda Carolina!

Por Jenifer Lima

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Empate

A campainha toca e quando a porta é aberta os amigos americanos dele e ingleses dela entram e as brigas começam. Ela é inglesa e ele americano: um casal meio-a-meio que mora no Brasil.
A partida se inicia e a tensão circunda todos eles. O amor sempre fala mais alto nas brigas do casal, todavia, isso não se aplica ao futebol. Afinal, quem não quer ver seu país ser campeão? Na hora do jogo são só patriotismo, emoção e gritos. Não há maridos ou esposas, apenas americanos e ingleses provocando-se em frente à TV.
Ela grita animada, Inglaterra fez um gol. Ele fica emburrado e recebe um selinho com charme.
- Não fica tristinho, amor - provoca vitoriosa.
- Queria ver se fosse você.
- Daqui a quatro anos tem outra.
- Para a Inglaterra, só se for! - diz irritado.
E o bate boca recomeça, embora o assunto tenha deixado de ser o jogo que continua rolando. Eles voltam a ser apenas eles e, como qualquer outro casal, tudo acaba em D.R. O jogo é esquecido, as vuvuzelas deixadas de lado e os emblemas das camisetas de cada um não mais influenciam na torrente de palavras sobre a conta do telefone e a abarrotada máquina de lavar.
- O que você pensa que eu sou? A sua empregada? - ela grita vermelha de raiva.
- Talvez... Pelo menos é uma empregada linda... - dá de ombros já sorrindo de lado, sempre adorara provocá-la.
- Cínico - ela cerra os olhos ainda irritada.
- Te amo - brinca ele antes de acabar a dicussão com um beijo.
Na mesma hora outro gol é declarado e os americanos vibram alegres, porém ele continua o beijo curtindo um empate satisfatório entre Inglaterra e Estados Unidos não só no futebol, mas também no amor.


Por Jenifer Lima
-ok, vamos aos tracinhos... rs. Fiz esse texto na época da copa ainda, então já deveria ter postado há trocentos anos atrás (exagero), mas enfim... até que gostei -

domingo, 27 de junho de 2010

Minha perfeita ilusão

Ele chegou e me disse que as coisas ficariam difíceis, mas que ele estaria ao meu lado e eu acreditei e então nós nos abraçamos. Formávamos o casal perfeito e nenhuma garota olhava para ele, que era só meu.
Minha mãe não gostava que eu passasse tanto tempo com ele e eu fugiria com ele, mas Nate sempre dizia que me pediria em casamento quando eu tivesse idade para isso. Ele era minha respiração, minha vida.
As coisas pioraram assim como ele disse, todos ao meu redor duvidavam do amor dele, não entendiam como nosso amor era forte. Cheguei em casa e me deparei com médicos, minha mãe disse-me que eram para mim e eu não entendi, eu não estava doente. Segurei a mão dele ainda mais firmemente e perguntei a ela o porquê daquilo tudo.
- Suas ilusões já foram longe demais, não existe nenhum Nate, você sequer namora, filha! - ela gritou me sacudindo.
Como ela podia dizer aquilo tudo na frente dele? Discuti com ela sem entender nada, mas um simpático médico veio por trás e enfiou uma injeção no meu braço. Olhei amedrontada para Nate, que me abraçou e cantou baixinho no meu ouvido, seu método eficaz de me acalmar.
- Amor, por que você está sumindo? - perguntei sonolenta para um Nate embaçado e tudo ficou preto.
Já passaram-se duas semanas desde o ocorrido e aqui nesse hospício eu não consigo acreditar qu Nate foi apenas uma invenção do meu cérebro doente. Os psiquiatras conversam comigo sobre isso e meu comportamento violento os obriga a colocar uma camisa de força em mim quase sempre, mas eu não me importo.
- Gabriela Santana, seu remédio - o enfermeiro deu-me um potinho com dois comprimidos e pela primeira vez eu resolvi fazer algo, disfarçadamente joguei-os fora. Olhei para a porta e vi Nate com o sorriso que eu mais gostava, corri e o abracei com toda a força. Ao redor de mim parecia estar acontecendo algo, médicos chegaram e me puxaram dele, reagi e gritei o nome do meu doce amor e o ouvi dizer:
- Volte para mim, faça qualquer coisa, mas volte!
Morte nunca esteve em meus planos, mas sem a camisa de força eu farei de tudo para tê-lo, mesmo que todos estejam certos e ele seja apenas uma perfeita ilusão.


Por Jenifer Lima
-bem, eu comecei a escrever esse texto para passar o tempo sem nem saber onde ia parar, minha mãe e minha irmã estavam fazendo compras e eu estava sentada esperando-as com o celular na mão, então resolvi usar o bloco de notas para algo útil... abandonei o texto pela metade e lembrei dele há pouco tempo e então terminei-o... Não está muito elaborado, mas acho que passa o sentimento que eu quis que passasse... -

Apenas versos...

Tudo o que eu quero saber é por que me sinto no inverno sem você aqui. O sol está brilhando lá fora, mas eu só consigo tremer e me esconder nas sombras da tua ausência. Então, devolva-me o calor que eu te dei em forma de amor. Isso é tudo o que eu te peço.

Por Jenifer Lima
- eu juro que no caderno isso parecia bem maior rs -

Apenas versos...

Mentiras

Onde estão as suas mentiras?
Diga-me e eu irei buscá-las
Eu me apaixonei por elas
E quero continuar nesta ilusão
Onde estão as suas mentiras?
Não quero seu eu verdadeiro
Deixe-me fantasiar que tudo aconteceu
Mesmo que, na realidade
Você nunca esteve aqui

Por Jenifer Lima

- Mais uns versinhos um tanto revoltadinhos rs... Finalmente estou de férias e, provavelmente, postarei mais do que o normal, que é tão escasso rs -

Num passo de valsa

Jogue o cigarro, me tire para dançar
E nessa valsa descompassada
Coloque um ritmo em meu ser
Expulse meus fantasmas, ou os faça aplaudir
Não estamos no ritmo
Nem precisamos estar
Ouça meu coração bater
Oh, se tão somente você percebesse
Nossa dança me fez viva
Faça-me permanecer assim
Apenas valse
Oh meu melódico amor
Deixe a valsa fluir

Por Jenifer Lima

- iai gente (; para ser bem sincera eu não gostei desse poema, comecei ele num dia e fiz a última frase no outro porque não estava conseguindo ser criativa... pode parecer que não, mas sempre achei textos sem rimas muito mais difíceis de terminar... De qualquer modo, resolvi postar -

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Apenas versos

"Eu quero machucar seu coração
Te fazer sofrer de modo inimaginável
Eu quero ver as lágrimas descendo pelo seu rosto
Mas não deixe que seu coração pare de bater, meu amor
Te quero respirando ao meu lado
Só assim eu poderei machucar seu coração
Me deixe brincar com seus nervos, baby
Me conceda a honra de ser sua dor
Mas mantenha-se lúcido
Ainda quero te ouvir implorando perdão
E oh, meu querido, eu direi não
Então apenas me sinta assim
Machucando seu coração"

Por Jenifer Lima
-ok, então é isso por hoje... Espero que tenham gostado (por mais que sejam meio tristes, revoltados) dos versos-

Apenas versos

Hey gente! Eu sempre posto textos e poemas completos aqui, mas resolvi fazer diferente. Vou postar apenas versos que poderiam estar no começo, meio ou fim de um poema, história ou texto ok?

"Você disse que estaria aqui para sempre
Disse que seria meu herói
Disse que as borboletas viriam
E meu corpo sentiria seu toque
Promessas infundadas
Palavras vazias
Letras e mais letras em frases que não mais significam
Mentiras verdadeiras
Verdades mentirosas"


Por Jenifer Lima

sexta-feira, 7 de maio de 2010

As portas

Sentado ele está numa cadeira de balanço que, por mais empoeirada que pareça, é a coisa mais nova pertencente àquela pousada velha e sem uma boa tintura. Com a tentativa de se distrair pega um livro que está na mesiha ali perto e lê sem muita vontade:
"Ele está contando silenciosamente: uma, duas, três portas. a quarta deveria fazer seu coração palpitar, mas era na terceira que a sua cabeça estava."
Sua história estava sendo contada ali? Folheou algumas páginas levantando poeira delas e não pode deixar de lembrar-se dela.
- Bom dia, eu sou a sua vizinha - ela sorriu tímida apontando pra port ao lado, onde ele sabia que ela morava. - Meu aspirador de pó quebrou e eu preciso de outro urgente, será que o senhor poderia...
- Claro, claro - emprestou o aspirador e ela logo devolveu, mas sua razão ela nunca mais lhe retornou.
"Amante não é um bom adjetivo para ela. Seu corpo é viciante, seu sorriso sufocante, seus olhos delirantes."
E sua esposa é apenas mais uma, ele completa em pensamento concordando com o livro, amante não é um bom adjetivo. Ela, por si mesma, é o melhor adjetivo. Ao chegar à pousada é na segunda porta que ele entra para, depois da cortina, encontrar seu erro mais gostoso de cometer.
"Porém, na porta certa está o perigo. Trabalha fora o dia todo e ele pensa que não vai descobrir."
Bastou apenas um dia, um deslize. Seu filho estava passando mal, a garota da porta certa foi pedir ajuda à da errada. Ela descobriu.
"Ele descobriu que nunca quis a porta errada. Apenas atração..."
- Eu estou indo embora - ele levanta de sopetão ao ouvir a voz da esposa ecoar na pousada. A amante já havia partido no dia anterior.
"Era o fim. Não havia mais erros, nem acertos, nem mesmo portas. Apenas ele, vazio, chorando."
Ele enxuga as lágrimas e fica no corredor encarando as duas portas, sem ninguém.

Por Jenifer Lima

- hola muchachos y muchachas... eu sei que faz tempão que não venho aqui, desculpem. Resolvi postar essa narrativa pq achei que ficou criativa pra quem teve que criar a partir de 4 versos de um poema. Foi um trabalho de escola... espero que gostem e eu espero não abandonar vocês. Mas os estudos deixam essa opção pouco provável =\-

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Férteis e Inférteis

Cada profissional, ao longo de sua carreira, vivencia inúmeras experiências. Algumas reflexivas, outras corriqueiras, porém, as inesquecíveis são sempre as bizarras, engraçadas e insanas. Na medicina não é diferente.
Era um dia ensolarado, Dra. Bianca Oliveira, ginecologista/obstetra há mais de 5 anos terminava um formulário que seria entregue naquele mesmo dia ao diretor do hospital, quando ouviu o telefone tocar, era da recepção:
-É da obstetrícia? – perguntou a recepcionista.
- Sim.
- Um homem de meia-idade está subindo até aí afirmando ser esposo de uma paciente – anunciou a recepcionista.
- Mas eu não estou com nenhuma paciente no momento, – ouviu duas batidas na porta e resolveu desfazer o mal-entendido ela mesma – eu vou ver do que se trata, obrigada Clara.
- De nada.
Levantou-se e abriu a porta dando de cara com um homem que aparentava 32 anos de idade, parado na porta nervoso.
- O que deseja? – a doutora perguntou educadamente.
- Graças a Deus! Graças a Deus a senhora é mulher! É mulher! – e com um grande sorriso abraçou a pequena doutora, que não entendendo nada logo perguntou:
- E por que não seria?
- Oh doutora, eu sou marido da Renata, sua paciente, e por vários meses estou desconfiado de que ela está me traindo, como pode uma mulher marcar tantas consultas com o ginecologista e dizer alegremente ‘hoje não podemos sair amor, tenho consulta’ – falou tentando imitar a voz de sua mulher e a doutora não pôde deixar de rir – e veja só doutora, era consulta de verdade! Porque a senhora é mulher e não um amante. Cabeça de homem é estranha mesmo, quando bota na cabeça que foi traído, não há quem tire. Era só isso mesmo viu doutora, desculpe tomar seu tempo, vou correndo pra casa, ou melhor, vou é passar numa loja e comprar alguma coisa pra minha esposa, pra pedir desculpas, sabe?
- Qual é o seu nome?
- Valdemir.
- Pois então senhor Valdemir, pode ficar tranqüilo, que sua mulher não está lhe traindo, vá para casa e tire isso da sua cabeça, agora que sua mulher está grávida, ela precisa de você – deu um sorriso sincero e virou-se pronta para fechar a porta quando aconteceu o inesperado.
- Grávida? – os olhos do tal senhor Valdemir pareciam querer pular e ele estava tão vermelho quanto um pimentão – a senhora tá confundindo as Renatas doutora!
- Não seria a senhora Renata Fonseca da Silva? Há quarenta minutos atrás ela esteve aqui para o pré-natal. Ela está grávida de dois meses, o senhor vai ser pai!
- Impossível doutora! Eu sou estéril! – a pobre doutora Bianca não sabia nem o que falar, perguntou várias vezes se o senhor Valdemir estava bem e todas as vezes ele respondia ‘estéril doutora, eu sou estéril’ – Onde fica o setor de fisioterapia nesse hospital, doutora?
- No segundo andar – respondeu franzindo a testa sem entender.
- Então é lá que está o pai dessa criança! Toda semana ela tem consulta e já faz anos que ela rompeu o tendão! É pra lá que eu vou agora – saiu quase que marchando em direção ao elevador, deixando a doutora sem saber o que pensar, então ela ficou apenas torcendo para que o gentil e bonito fisioterapeuta de 28 anos não fosse responsável por nada disso, afinal, até onde ela sabia, milagres podiam acontecer. Mas e o milagre do estéril que vira fértil? Também poderia?

Santos, Jenifer Daniele de Lima
-oi todo mundo! Não sei se posso considerar isso uma crônica, mas tá aí uma historinha que, particularmente, não sei de onde me veio essa inspiração, espero que gostem e, posso me justificar, dizendo que minha vida se resume a: estudar, então minhas vindas aqui vão continuar raras, mas sempre que der posto alguma coisa =) Bom restinho de férias pra vocês ;)-