quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Férteis e Inférteis

Cada profissional, ao longo de sua carreira, vivencia inúmeras experiências. Algumas reflexivas, outras corriqueiras, porém, as inesquecíveis são sempre as bizarras, engraçadas e insanas. Na medicina não é diferente.
Era um dia ensolarado, Dra. Bianca Oliveira, ginecologista/obstetra há mais de 5 anos terminava um formulário que seria entregue naquele mesmo dia ao diretor do hospital, quando ouviu o telefone tocar, era da recepção:
-É da obstetrícia? – perguntou a recepcionista.
- Sim.
- Um homem de meia-idade está subindo até aí afirmando ser esposo de uma paciente – anunciou a recepcionista.
- Mas eu não estou com nenhuma paciente no momento, – ouviu duas batidas na porta e resolveu desfazer o mal-entendido ela mesma – eu vou ver do que se trata, obrigada Clara.
- De nada.
Levantou-se e abriu a porta dando de cara com um homem que aparentava 32 anos de idade, parado na porta nervoso.
- O que deseja? – a doutora perguntou educadamente.
- Graças a Deus! Graças a Deus a senhora é mulher! É mulher! – e com um grande sorriso abraçou a pequena doutora, que não entendendo nada logo perguntou:
- E por que não seria?
- Oh doutora, eu sou marido da Renata, sua paciente, e por vários meses estou desconfiado de que ela está me traindo, como pode uma mulher marcar tantas consultas com o ginecologista e dizer alegremente ‘hoje não podemos sair amor, tenho consulta’ – falou tentando imitar a voz de sua mulher e a doutora não pôde deixar de rir – e veja só doutora, era consulta de verdade! Porque a senhora é mulher e não um amante. Cabeça de homem é estranha mesmo, quando bota na cabeça que foi traído, não há quem tire. Era só isso mesmo viu doutora, desculpe tomar seu tempo, vou correndo pra casa, ou melhor, vou é passar numa loja e comprar alguma coisa pra minha esposa, pra pedir desculpas, sabe?
- Qual é o seu nome?
- Valdemir.
- Pois então senhor Valdemir, pode ficar tranqüilo, que sua mulher não está lhe traindo, vá para casa e tire isso da sua cabeça, agora que sua mulher está grávida, ela precisa de você – deu um sorriso sincero e virou-se pronta para fechar a porta quando aconteceu o inesperado.
- Grávida? – os olhos do tal senhor Valdemir pareciam querer pular e ele estava tão vermelho quanto um pimentão – a senhora tá confundindo as Renatas doutora!
- Não seria a senhora Renata Fonseca da Silva? Há quarenta minutos atrás ela esteve aqui para o pré-natal. Ela está grávida de dois meses, o senhor vai ser pai!
- Impossível doutora! Eu sou estéril! – a pobre doutora Bianca não sabia nem o que falar, perguntou várias vezes se o senhor Valdemir estava bem e todas as vezes ele respondia ‘estéril doutora, eu sou estéril’ – Onde fica o setor de fisioterapia nesse hospital, doutora?
- No segundo andar – respondeu franzindo a testa sem entender.
- Então é lá que está o pai dessa criança! Toda semana ela tem consulta e já faz anos que ela rompeu o tendão! É pra lá que eu vou agora – saiu quase que marchando em direção ao elevador, deixando a doutora sem saber o que pensar, então ela ficou apenas torcendo para que o gentil e bonito fisioterapeuta de 28 anos não fosse responsável por nada disso, afinal, até onde ela sabia, milagres podiam acontecer. Mas e o milagre do estéril que vira fértil? Também poderia?

Santos, Jenifer Daniele de Lima
-oi todo mundo! Não sei se posso considerar isso uma crônica, mas tá aí uma historinha que, particularmente, não sei de onde me veio essa inspiração, espero que gostem e, posso me justificar, dizendo que minha vida se resume a: estudar, então minhas vindas aqui vão continuar raras, mas sempre que der posto alguma coisa =) Bom restinho de férias pra vocês ;)-