sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Tem ninguém à porta...

- Faz assim, mãe, diz pra ele que eu não me importo com ele. Não! Melhor dizer que eu nunca pensei nele, nunca gostei do sorriso contido, nem da mania incoveniente de proteção. Ou diz que eu era muito pra ele, que ele não me preenchia, que era muito normalzinho. Usa diminutivos, mãe, pra ele se sentir inferior! Muito normalzinho, chatinho, grudentinho... Fala que ele não me satisfazia quando dizia que me amava. Mãe, por favor, diz que eu não aceito quaisquer desculpas, diz também pra ele parar de te chamar de sogra, deixar de fantasiar com uma casa cheia de crianças porque eu nunca considerei essa opção. Deixa bem explicado que os olhos e as olheiras dele não querem dizer nada e repete várias vezes que eu estou bem! Numa felicidade totalmente incomparável com quando ele me chamava de linda, ou bagunçava os cabelos da própria nuca quando queria se desculpar. Diz tudo isso, mãe, por favor! Mente pra mim! Faz ele acreditar que não significou nada! Talvez ele se sinta mais culpado se for assim...
- Filha, não foi ele que tocou a campainha...
- Ah...


Por Jenifer Lima


- texto feito num rompante ontem à noite... Quem nunca fingiu que tava muito bem quando estava verdadeiramente ao cacos que atire a primeira pedra -

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