quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quase



Trezentos e sessenta e cinco dias. Dizem que iniciar textos com contagens desse tipo os tornam dramáticos. De drama eu entendo bem.
Sabe, eu poderia contar as horas, os minutos e assim vai, mas particularmente, o nível de drama pouco importa.
Por volta desse horário, há um ano atrás, você me asfixiou. Dedos se alojaram ao redor da minha garganta e eu quase desfaleci. Mas fiquei no quase. Eu quase morri. Mas fiquei no quase. E qualquer coisa doeria menos que o quase. O quase é injusto demais.
Meu (des)querido, não vou me alongar, eu só rascunho essas linhas pra dizer que fui quebrada, mas estou quase inteira. Mas só eu sei que o quase... Ah, você sabe, o quase é casa sem teto, coberta rasgada, chuveiro queimado, é meia sem par. O quase é congelante. Eu tremo, arrepio, petrifico. Eu quase morro. Mas fico no quase. Até ano que vem.

Por Jenifer Lima

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