Continuou com o
torpor entediante das vontades não atendidas, das noites que não são noites,
dos dias que não são dias, do tempo que é apenas o passar de chinelo arrastado
das horas vazias.
Continuou com a
crise das existências perdidas, da vida que cozinha corações ao molho da
indiferença, do tilintar das taças que brindam a hipocrisia.
Continuou.
Andava sem rumo, sem dinheiro, com bagagem.
Até que não quis
mais continuar.
Parou.
Olhou.
Trancafiou.
Guardou a insanidade
daquilo que para, repara e acaba. Manteve em si a intensidade do que seca,
resseca e encerra.
Do que falava,
se calou. Do que calava, pronunciou. Do que odiava, amou. E do que amava...
Continuou.
Por Jenifer Lima
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