segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Te espero


São tantas essas portas que abrem, mas por nenhuma delas entra você. Eu sentei no degrau desconfortável te esperando passar, mas não aconteceu. Eu cheguei muito tarde, mais um de meus atrasos sempre que me programo demais. Me programei pra te dizer tanta coisa, acabei não dizendo nunca. Como sobre a vontade de morar nas curvas ao redor dos seus olhos quando você sorri. Te espero passar com o andar de quem carrega o mundo. O meu mundo que eu te dei com tanta má vontade. Te espero girar a maçaneta que eu nunca fiz questão de tocar por pura covardia. Te espero porque já não posso esperar por mais ninguém e não me resta a paciência de esperar por mim. Há o barulho dos carros, e do coração magro batendo, o zumbido dos pensamentos e o silêncio do mundo onde você não mora mais em mim, onde eu estou sentada ante a porta que não abri pra você. Mas que eu quis abrir. Pra te ver entrar por ela sem fazer cerimônia, tirar os sapatos e me puxar para mais perto. Pra te ver explorando os cômodos sem pressa, me deixando caber na alegria que te cerca, me forçando a anastomose do teu sorriso no meu. Quis abrir, mas tive medo de que lá dentro fosse tão confortável que eu nunca mais quisesse sair, e nunca mais me lembrasse do quão desconfortável é este degrau, no qual eu sento e te espero. E você não vem. Porque cansou de vir e encontrar apenas um coração magro. Eu não te disse, mas este coração magro é a chave da porta e é ele quem te espera, martelando os segundos, os minutos, a eternidade da tua ida.

Por Jenifer Lima

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