No vagão, terno azul marinho
Sapato social marrom
Cachecol solto, pendurado, preto
Pele alva, fragilizada, óculos
Touca listrada, um livro
Uma caixinha de câmera fotográfrica
Um bloco de anotações
Anotações coloridas, caprichadas
Um colar com crucifixo
Seguro de si, já idoso
Não tive como não olhar
Ficou sem graça ao perceber
Desconfiado tentou encarar
Por pouco tempo se pôde deter
No vagão da frente
Uniforme corinthiano
Pequeno, garotinho, inocente
Olhei, ele olhou
Esbocei um sorriso
Mostrou-me seus dentes
Sorri largamente
Ele também, sem parar
Fiquei sem graça, desviei o olhar
O que é que nós humanos
Achamos que revelamos?
Quanto mais o tempo passa
Mais segredos nós guardamos
Por Carolina Prado
Nenhum comentário:
Postar um comentário