Teus dedos finos são
maiores que os meus. Adoro observar nossas mãos espalmadas dessa maneira e me
sentir pequena no teu abraço, grande no teu olhar, veterana no teu beijo,
novata no jeito de amar.
Hoje invernou lá
fora, já não era sem tempo. De temperatura alta já me basta teu hálito quente.
E enquanto ele sussurra, me permito um devaneio insípido. Como seria se tu, de
repente, sumisses?
Eu, provavelmente,
continuaria aqui, nessa mesma varanda, deitada nessa mesma rede, mas prestes a
cair. Um cair metafórico, veja bem, nunca tive coragem de tornar real.
Teus dedos finos são
maiores que os meus. Espero que eles me segurem, caso eu caia. Tu me olhas
diferente. O devaneio acaba. Sobrancelhas unidas, respiração próxima, o resultado
é um beijo quente. A metáfora muda de tom, teus dedos não me seguram, eu começo
a cair lentamente. Caí na tua estrada, no teu amor, na tua graça. E não tem
melancolia, a queda dessa vez é segura, o gosto é bom, tem cheiro de mar. Olha
aí... Hoje invernou, mas como sempre, tu me fazes veranear.
Por Jenifer Lima
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