sábado, 24 de maio de 2014

Em manutenção


Ao sorridente, ao que faz sorrir, ao que me sentiu, ao que me partiu: me mantenha. Perto, a léguas, inteira, esfacelada. Apenas me mantenha. Já não me animo aos rumores de boas notícias, já não me levanto para olhar o que há de novo pela fresta, já não combino com palavras abruptas, vontades bruscas. Não quero a surpresa de te ver chegar nem o martírio de te ver ir, quero a continuação deste segundo no próximo, quero dias com bordas amareladas, o encanto inesgotável de folhas que, de tão lidas e lindas, incham os livros.
Publique no jornal de hoje, só quero ler o de ontem. Por favor, não publique sobre mim. Não me peça pra mudar de página, de cara, de cadeira, de planeta. Não me peça, não me impeça. Mudei na velocidade da luz, paralisei pela força do vento e mais do que tudo, me cansei das tempestades. Abra a janela, conserve nosso clima, nossa estática, nossa química.

Me mantenha ao seu dispor, me mantenha ao seu impor, me mantenha ao seu amor.

Por Jenifer Lima