terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Passarinho, passarão, passado


Ontem eu gargalhei. Essa não é uma coisa pequena, é difícil me fazer gargalhar, mas ontem eu gargalhei até a barriga doer e o ar faltar. Em um segundo eu estava com o cérebro nublado pela piada engraçada gargalhando sem parar, no outro, mil lembranças perpassavam rapidamente por esse cérebro traidor e eu me dei conta de que eu costumava gargalhar com mais frequência, no frio e sombrio antigamente. Era uma boa rotina: semana cansativa, dor nos braços e nas costas, olheiras mal disfarçadas, e então fim de semana cheio, gente velha, piada velha, risada nova, força aos músculos e vivacidade ao rosa das bochechas. Era uma boa rotina.
Ontem o contexto era outro, gente nova, piada nova, risada velha, o mesmo sorriso de quem só quer isso da vida, só quer rotinas boas, não importando se são velhas ou novas, mas que não quer ser o espelho do passado, não quer viver citando a vida que tinha, a piada que não faz mais rir.
A vida tem coisas pequenas e grandiosas, mas as bem boas, as que fazem a gente gargalhar de verdade são as coisas medianas, o mais ou menos do dia a dia, porque essas você sabe que não são inho nem ão, essas são as que cabem na rotina sem romper ou deformar. As coisas medianas são as que ficam.

Por Jenifer Lima

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